surto de toxoplasmose

Dos 17 bebês diagnosticados com toxoplasmose em Santa Maria, 7 têm lesões

Dandara Flores Aranguiz

Foto: Charles Guerra (Diário)

Quase cinco meses já se passaram desde que o anúncio de que Santa Maria estava enfrentando um surto de toxoplasmose foi feito, em 19 de abril. De lá para cá, 748 casos da doença já foram confirmados no que é, até agora, o maior surto que se tem conhecimento no mundo. Dos casos confirmados até o momento, 17 são de toxoplasmose congênita, ou seja, de bebês que foram infectados durante a gestação e que nasceram com a doença. Atualmente, o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) é que concentra o atendimento às gestantes e às crianças com a confirmação da doença e que foram encaminhadas pela Secretaria Municipal de Saúde (tanto os casos encaminhados em consultórios particulares quanto públicos).

Conforme a médica Maria Clara Valadão, responsável pelo setor de Infectologia Pediátrica do Husm, todos os 17 casos estão em acompanhamento no hospital para avaliação neuropediátrica. O ambulatório funciona às terças, quartas e quintas-feiras à tarde.

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- Os bebês que têm lesões fazem acompanhamento mensalmente com infectologistas, neurologistas e oftalmologistas. A cada três meses, eles vão precisar fazer o exame de fundo de olho. Além disso, temos mais as crianças que não se infectaram, mas, como as mães tiveram exames confirmados, elas também são atendidas - explica Maria Clara.

O tratamento nos casos de toxoplasmose congênita precisa ser feito durante um ano, ininterruptamente. Segundo a médica infectologista do Husm Marcele Bertoncello, que também atende no ambulatório pediátrico, os bebês precisam tomar três remédios específicos diariamente - fornecidos pela 4ª Coordenadoria Regional de Saúde - e, em casos de lesões oculares, as crianças também tomam corticoide.

- É importante começar o tratamento logo após a confirmação, mesmo em casos que ainda não apresentaram lesões, pois isso evita que os bebês tenham problemas oculares mais tarde. A toxoplasmose congênita pode ocasionar lesões em 30% dos casos, vai depender da fase em que a mãe se infecta - diz a especialista.

As sequelas mais significativas são alterações no cérebro, audição e visão. Conforme Marcele, no caso das lesões neurológicas, dependendo da área afetada no cérebro, a criança pode apresentar atrasos motores no caminhar e na fala, por exemplo.

Chega a 748 o número de casos confirmados de toxoplasmose em Santa Maria

O pequeno Miguel Costa Sarturi, de apenas 1 mês e 10 dias, é um dos casos em acompanhamento no hospital. Ele nasceu de 37 semanas e precisou ficar internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por causa de um problema no pulmão.

- Eu estava com cinco meses quando fiz o exame e fui diagnosticada com a doença. Comecei o tratamento e, durante o pré-natal, foi detectado que ele tinha ventriculomegalia, uma dilatação no cérebro. Também tem uma lesão no olho, mas não chegou a afetar a visão. Além disso, ele faz fisioterapia para estimular o desenvolvimento - relata a mãe de Miguel, a técnica em enfermagem Patrícia dos Reis Costa Jaques, 32 anos, que levou o filho, ontem, para a sua segunda consulta no Husm.

GESTANTES DEVEM TER CUIDADO

  • Evitar tomar água não filtrada em qualquer ambiente
  • Não coma alimentos crus, frutas e vegetais produzidos no solo por jardinagem
  • Não coma carnes cruas ou malcozidas, incluindo quibe cru e embutidos (linguiça, salame, copa e outros)
  • Congelar a carne a -12°C por 24 horas
  • Lavar as mãos com água corrente e sabão ou detergente antes e depois de manipular alimentos
  • Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados
  • Evitar manuseio direto com solo, incluindo jardins, parques. Caso seja necessário, usar luvas e lavar bem as mãos após a atividade
  • Após manusear carne crua, lavar bem as mãos e toda a superfície que entrou em contato com o alimento, inclusive os utensílios utilizados
  • Evitar o contato direto com fezes de gato
  • A caixa de areia de gatos deve ser limpa preferencialmente por outra pessoa, todavia se não possível, deve-se limpá-la e trocá-la diariamente, utilizando luvas e pá de lixo
  • Alimentar os gatos com carne cozida ou ração, não permitindo que os mesmos façam a ingestão de animais caçados

EM ACOMPANHAMENTO NO HUSM

  • De acordo com o último boletim epidemiológico, divulgado em 7 de setembro, há 17 casos confirmados de toxoplasmose congênita (bebês que nasceram com a doença) em decorrência do surto
  • Desses, 17 bebês que nasceram com toxoplasmose estão em tratamento e acompanhamento pelo Husm (um dos bebês não é de Santa Maria)
  • 5 bebês nasceram com lesões oculares e neurológicas
  • 2 apresentaram lesões no sistema nervoso central
  • 10 tiveram o diagnóstico positivo para a doença, mas não apresentaram nenhuma lesão
  • Além dos pacientes com toxoplasmose congênita, o ambulatório também faz o atendimento dos bebês cujas mães tiveram o diagnóstico positivo para a doença durante a gestação. De acordo com a médica infectologista Maria Clara Valadão, são 45 bebês que já nasceram e cerca de 130 gestantes em acompanhamento no hospital. Todos eles serão monitorados por, pelo menos, um ano

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